Cordeiro de Nanã

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

Fui chamado de cordeiro mas não sou cordeiro não
Preferi ficar calado que falar e levar não
O meu silêncio é uma singela oração
Minha santa de fé

Meu cantar (meu cantar)
Vibram as forças que sustenta o meu viver (meu viver)
Meu cantar (meu cantar)
É um apelo que eu faço a Nanaê

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

O que peço no momento é silêncio e atenção
Quero contar o sofrimento que eu passei sem razão
O meu lamento se criou na escravidão
Que forçado passei

Eu chorei (eu chorei)
Sofri as duras dores da humilhação (humilhação)
Mas ganhei, pois eu trazia Nanaê no coração

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

Significado e Explicação

Este ponto é uma verdadeira oração cantada, profundamente ligada a Nanã Buruquê, a mais antiga dos Orixás, senhora das águas paradas, dos pântanos, dos mistérios da morte, da ancestralidade e do renascimento espiritual. Ele traz elementos de fé, resistência, dor e força ancestral.

🔷 “Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê”
Essa repetição afirma a ligação do médium ou do filho de fé com Nanã, proclamando seu pertencimento à energia dela. O som “euá” é uma saudação carregada de respeito, que ressoa os mistérios e o silêncio dessa Orixá que rege os ciclos da vida e da morte com sabedoria e profundidade.

🔷 “Fui chamado de cordeiro mas não sou cordeiro não”
Aqui, o ponto traz um aspecto de resistência e dignidade. O eu lírico declara que, apesar de parecer manso, não é passivo nem submisso. O silêncio que prefere manter é, na verdade, uma oração — uma atitude consciente de força interior e confiança espiritual.

🔷 “Meu cantar vibra as forças que sustentam o meu viver”
O canto é sagrado. Ele não é apenas música, é ferramenta de fé, escudo, alento e ponte com os Orixás. Cantar é manter viva a energia de Nanã, mesmo diante das dores e das lutas da vida.

🔷 “O meu lamento se criou na escravidão”
Este trecho nos conecta à memória ancestral do povo preto, que sofreu a dor da escravidão. O ponto não deixa isso de lado — ele transforma essa dor em poesia, lembrança e força. E mostra que, mesmo diante da humilhação, a fé em Nanã foi o que sustentou quem resistiu.

🔷 “Ganhei, pois eu trazia Nanaê no coração”
Apesar de todo sofrimento, quem carrega Nanã no coração não se perde, não se quebra, não se apaga. A fé é a vitória. Mesmo na dor, o canto é de quem venceu espiritualmente.

Reflexão Final

Este ponto é um grito silencioso, um canto ancestral que ecoa do fundo das águas paradas onde moram os segredos de Nanã. É sobre resistir em silêncio, cantar como oração, lembrar das raízes e se erguer com dignidade.
Quando você cantar este ponto, lembre-se que está reverenciando não só uma Orixá, mas toda a sabedoria que vem com o tempo, a morte, o renascimento e os que vieram antes de nós.

Euá, Nanã. Que sua lama sagrada nos renove e nos fortaleça. Axé!
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